Ligações do Whatsapp derrubam receita de voz das operadoras no 1º trimestre

No primeiro trimestre de 2015, o brasileiro falou, em média, 111 minutos ao celular, segundo dados da Anatel compilados pela consultoria Teleco, queda de 15,6% em relação aos últimos três meses de 2014.

Nos últimos cinco trimestres, o número vinha caindo, era verdade, mas em um ritmo muito menor. Como mostra o gráfico abaixo, o número começa em 140 no quarto trimestre de 2013, cai, recupera e depois despenca. A queda na média de minutos derrubou também a receita média por usuário (R$ 11,6 contra R$ 12,8 no 4T14). Entre as operadoras, a mais afetada foi a Claro: a minutagem média ficou 35% menor em três meses (de 123 para 81).

 

O brasileiro fala cada vez menos ao celular

Algo mudou no perfil de uso do consumidor brasileiro. 

É sempre bom lembrar que correlação nem sempre significa causa. Ainda assim, existe um fato que pode explicar a queda. Em março, o Whatsapp liberou as chamadas de voz para os milhões de usuários no Brasil (o Whatsapp não diz exatamente quantos), após testá-la no mês anterior.

Se foi o Whatsapp o responsável (e todos os indícios apontam para ele), há de se considerar o seguinte: nos três meses do período, a voz do Whatsapp esteve disponível em apenas um e só para usuários Android. A voz para quem tem um iPhone só foi habilitada no final de abril.

O sistema operacional do Google está em 89% dos smartphones brasileiros, enquanto o iOS aparece muito atrás, com 3,9% de participação. No meio deles está o Windows Phones, da Microsoft, com 4,5%, segundo dados da consultoria Kantar Worldpanel ComTech.

O Teleco crava: “o uso mais intensivo de aplicativos de mensagem como o ‘WhatsApp’ tem contribuído para a queda nos minutos de uso mensais por usuário (MOU) do celular”. A dúvida poderá ser tirada com os dados do próximo trimestre, o primeiro no qual as chamadas por voz do Whatsapp estarão disponíveis nos três meses computados pela Anatel.

As operadoras já sabiam do risco que aplicativos de mensagens significavam para seus negócios de SMSs. Mas a entrada do Whatsapp em voz e, ao que parece, seu sucesso acachapante entre os brasileiros vai atacar outra fonte de receita, muito maior que SMS: a voz.

Como o Tecneira já mostrou em março, a receita de voz das operadoras brasileiras está caindo: a voz fixa há mais cinco anos e a voz móvel desde 2013. Nesse ano, o faturamento de TV por assinatura e banda larga (fixa e móvel) será maior que o de voz, primeira vez na história que isso acontece no Brasil.

Quem sustenta essa cavalgada é a banda larga móvel. Eduardo Tude, da Teleco, calcula que, em quatro anos, os planos de 3G e 4G deverão se tornar a maior fonte de receita das operadoras no país, menos de dez anos depois de serem praticamente irrelevantes ao negócio. A queda nos minutos falados com um mês de chamadas de voz do Whatsapp mostra que, talvez, as operadoras terão menos tempo ainda para fazer a transição da voz para os dados.

Por: Guilherme Felitti

Via: Época Negócios

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